Histórico

Em 2010 a linha de pesquisa Teatro do Instante do Coletivo Poéticas do Corpo construiu colaborativamente princípios de seu treinamento desenvolvendo recursos técnicos e expressivos comuns, respeitando e acolhendo singularidades. Para preparação energética e corporal são trazidos princípios do seitai-ho, da yoga, da yoga da voz, do chi kung, entre outras fontes. São vivenciados e atualizados, ainda, práticas e elementos como: caminhadas inspiradas e/ou coletadas na cultura japonesa (noh), nas práticas do butoh e da dança-teatro, princípios da perspectiva psicofísica de Jerzy Grotowski, dos viewpoints de Anne Boggart e Tina Landau, os “princípios que retornam” elencados por Eugênio Barba, além de referências de trabalhos de Peter Brook, Pina Bausch, Ariane Mnouchkine, Antonin Artaud, Meyerhold, Teatro da Vertigem, entre outros. Estas fontes são mestiçadas e contaminadas por perspectivas, demandas, afinidades e tendências de todos os pesquisadores.

Além do treinamento, o Teatro do Instante volta-se à criação de espetáculos e performances. Seu primeiro espetáculo coletivo foi Pulsações, dirigido por Rita de Almeida Castro. Com encenação onírica e intimista, e forte diálogo com a arte computacional e a música ao vivo, a peça se debruçou sobre a obra de Clarice Lispector, e teve enfoque na exploração dos sentidos em processo de recepção que abarcava apenas 28 espectadores por sessão. Conferir: http://teatrodoinstante.com.br/ e artigo de Rita de Almeida Castro em http://www.portalabrace.org/vicongresso/teorias/Rita%20de%20Almeida%20Castro.pdf

A linha de pesquisa Dramaturgias de Ator permeia o trabalho cotidiano do coletivo, assim como a linha Teatro do Instante, partilhando pressupostos e ressaltando o aspecto da autonomia composicional de cada pesquisador.

A linha Nutra abarca outras propostas metodológicas de alguns de seus integrantes, em espaços de pesquisa sobre procedimentos técnicos e criativos ligados à linguagem cênica. Periodicamente os participantes do Nutra compartilham seus resultados, questões e princípios de trabalho, com o coletivo Teatro do Instante. Em 2010 a pesquisadora Mônica Mello também atuou nessa linha, orientando alunos-atores em pesquisa de campo ligada a seu doutorado (concluído em 2011), sobre processos improvisacionais para cena. Conferir: http://nutrateatro.webnode.pt/

Em 2011 a linha Teatro do Instante se voltou à imersão no treinamento mantendo os princípios já trabalhados e agregando novas propostas, como procedimentos do processo colaborativo (workshops, pesquisa e criação dramatúrgica). Além disso, em 2011 iniciamos uma prática de trocas com artistas-pedagogos cujos procedimentos apóiam nossa pesquisa, visando “beber na fonte”. Nesse sentido realizamos vivências formativas e criativas (de cerca de 30 horas cada) com a artista Ciça Ohno (Jardim dos Ventos), pioneira da prática do Seitai-ho no Brasil, com o pesquisador Matteo Bonfitto – professor da Unicamp e responsável pelo núcleo Performa Teatro - que se debruça sobre conceitos que norteiam a prática cênica contemporânea, com o pesquisador Carlos Simioni – um dos mais antigos integrantes do Lume, ligado à Unicamp e referência nas Artes Cênicas no Brasil e com a pesquisadora de Yoga da Voz Alba Lírio, ligada ao Vox Mundi Project.

Além das trocas o grupo criou, sob direção de Rachel Mendes, a performance itinerante Io, quem?, apresentada ao longo de uma caminhada em pleno cerrado. A performance foi resultado de processo colaborativo provocado a partir da pesquisa de pós-graduação em direção de Rachel, que se debruçou sobre o mito grego de Io, e ainda sobre temas derivados como errância, metamorfose, descaminhos, e suas ressonâncias poéticas no universo pessoal dos atores participantes.

No segundo semestre de 2011 o grupo continuou seu processo de consolidação. I
niciamos pesquisa sobre universo da memória, especialmente na forma de cartas, fotos e diários pessoais e transpessoais. A partir dessa atmosfera grupo desenvolveu vídeo-performances, experimentando processos composicionais de ator para vídeos e fotos.

Em 2012, a pesquisa sobre cartas iniciada em 2011, se desdobrou em investigação sobre memórias, imaginação, tempo. Durante esta investigação contamos com a colaboração do diretor André Amaro, que nos acompanhou ao longo de 2012. Em 2013, tal pesquisa fomentou a criação do espetáculo À Deriva, que estreou em agosto, contando com a parceria de Giselle Rodrigues, como diretora convidada. O espetáculo foi selecionado para participar do Festival Internacional Cena Contemporânea, onde teve sua estreia.

O grupo vem trabalhando com pelo menos dois encontros semanais de quatro horas cada, além de eventuais imersões por períodos mais longos, em vivências específicas. 

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